sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mais uma oportunidade perdida? Por Hamilton Wilson.





Como poderia deixar de acontecer, o tráfico de armas e o desarmamento da população voltou ao noticiário nacional, após a tragédia na Escola Municipal Tasso de Oliveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, onde 12 crianças perderam a vida.

Muitos vieram a público pedir um novo referendo para que a população, uma vez mais, se pronunciasse a respeito da proibição da venda de armas de fogo no Brasil. A turma do contra, mais que rapidamente relembrou o antigo argumento que, desarmar a população de nada adiantaria visto que elas continuariam a ser supridas pelo tráfico internacional de armas. De qualquer forma a proposta de um novo plebiscito foi sepultada pela nossa presidenta.

O mais interessante nessa discussão foram as estatistificas, oferecidas como suporte incontestável aos argumentos de ambos os lados. As apreensões de armas no Complexo do Morro Alemão, por exemplo, foram amplamente alardeadas pelos defensores da tese que o problema reside no contrabando. Não sem motivo. Das 289 armas recolhidas, 222 (77%) eram de fabricação estrangeira. Por outro lado, o massacre das 12 crianças em Realengo foi resultado do disparo de 2 revolveres, um calibre 32 e outro 38, fabricados aqui mesmo no Brasil.

Muitos daqueles que apelam ao “direito a defesa”, como argumento para possuir uma arma em casa, terminam como fornecedores para a marginalidade. As estatísticas confirmam que 30% das armas apreendidas pela polícia em 2008 foram compradas legalmente, sendo mais de 80% delas fabricadas no Brasil. Contrariamente a percepção da maioria, armas fabricadas no Brasil respondem pela maior parte dos 34.678 homicídios por arma de fogo registrados em 2008.

É certo que o problema da violência com armas de fogo não será eliminado pelo desarmamento ou da proibição de venda. Mas seria um grande passo para sua redução.

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